Tenho muito orgulho das minhas origens. Sou de família italiana, de imigrantes. E fui o primeiro dos Ducci a nascer aqui.

Os meus pais e os meus avós vieram de navio da Itália e o começo não foi fácil. Depois de uma tentativa frustrada de se estabelecer em Cornélio Procópio, a família do meu pai, Giancarlo, veio a Curitiba com a intenção de voltar à Itália.

Logo, o meu pai, se apaixonou pela cidade e trouxe toda a família para cá. Na Casa do Imigrante italiano, conheceu a minha mãe, Splendora. E começaram a namorar.

Aqui se casaram e construíram a nossa família.

Como uma boa casa de italianos, morávamos todos juntos. Avós, pais, irmãos, tios, primos, éramos em 28 pessoas na mesma casa no Uberaba.

Para ganhar a vida, meu pai começou a trabalhar como “faz tudo”, mas logo comprou uma carroça e foi trabalhar na feira. E se tornou um dos pioneiros do Mercado Municipal de Curitiba. Então, desde pequeno, eu acordava cedo para ajudar na lida com a box de frutas da família.

Os corredores do mercado, daquele, da minha época de infância, ainda estão bem vivos na minha memória. Cresci atendendo na banca, aprendendo o valor do trabalho, da disciplina, de ser correto no trato com o cliente. Meu pai dizia, cliente bem atendido, sempre volta. E se desse um troco errado, era bronca, na certa!

Na faculdade de medicina, escolhi a pediatria e na residência, conheci a Marry. Tínhamos interesses comuns, cuidar da saúde das crianças, e começamos a namorar.

Um dia, na faculdade, conversando com um professor, consegui a indicação para uma bolsa de especialização em pneumologia pediátrica na Itália. Seguimos e eu a Marry para Roma. Isso foi muito importante pra mim. Já médico, voltando à terra dos meus pais para terminar a minha formação. Os tempos por lá não foram fáceis. Mas eu sabia que aquela era a minha chance e que eu não podia desperdiçar.

De volta ao Brasil, tive a oportunidade de servir o exército, como oficial e médico.

Foi também um tempo muito bom, de grandes aprendizados. O respeito à hierarquia e à disciplina é algo que trago comigo até hoje como uma boa lição.

Mas eu sabia que o meu caminho estava mesmo ligado à saúde das crianças.

Em 1983, eu e a Marry nos casamos, na Paróquia de São Sebastião, em Paranavaí, cidade onde até hoje, temos família.

Logo vieram nossos dois filhos, a Renata e o Ricardo. E os dois, para a nossa alegria, seguiram os passos na área médica. A Renata é neurologista e professora da faculdade de medicina da Universidade Federal do Paraná e o Ricardo é oftalmologista do Hospital de Olhos do Paraná.

Durante a pandemia, tivemos uma das maiores alegrias da nossa família, o nascimento das nossas netas gêmeas, a Beatriz e a Cecília, filhas da Renata e do meu genro, o Raphael.

Nasceram no dia da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira de Curitiba, 8 de setembro de 2020. Um verdadeiro presente de Deus em meio a um dos momentos mais difíceis do isolamento.

Quando olho pra família que construímos, me sinto verdadeiramente um vitorioso. Em pensar como foi difícil para os meu avós, para os meus pais se estabelecerem em país estrangeiro. Olhar para os meus filhos e ver que conseguimos educar pessoas boas, filhos que tanto me dão alegrias. Hoje, penso no futuro das minhas netas e de outros netos que ainda tenho fé que virão. Quero o melhor para eles. Com certeza, uma grande motivação para continuar trabalhando.